Mais de 6.900 Profissionais de Saúde Humana e Animal assistiram ao evento ‘A One Health Approach to Vector-Borne Diseases´

  • A conferência organizada a nível mundial pela MSD Animal Health, destaca o valor de reforçar a ligação entre Médicos Veterinários e Médicos; a importância da vigilância ativa; e a necessidade de educar as famílias de animais de companhia

No passado dia 2 de março, a MSD Animal Health organizou o evento virtual global “A One Health Approach to Vector-Borne Diseases” que contou com especialistas reconhecidos mundialmente. Um evento de sucesso no qual se registaram mais de 6.900 profissionais de saúde animal e saúde humana que puderam acompanhar o evento em direto ou diferido.

A Dra. Jane Sykes, da Faculdade de Medicina Veterinária de UC Davis; e a Dra. Julie Gerberding, vice-presidente executiva e responsável pelos Pacientes, Saúde e Sustentabilidade na MSD, destacaram a necessidade da abordagem One Health, especialmente relevante para ajudar a prevenir o aparecimento e propagação de doenças transmitidas por vetores, através da rastreabilidade, planos de desparasitação e vacinação adequados e uma monitorização e prevenção contínuas.

O Dr. Robert Lavan, diretor do Centro de Evidências Observacionais e Reais da MSD Animal Health, destacou a importância de cumprir os tratamentos para pulgas e carraças, uma vez que as famílias de animais de companhia muitas vezes não cumprem as recomendações médico-veterinárias de proteção contra os ectoparasitas, comprando apenas um a três meses de proteção por ano e com frequência têm lacunas entre doses. Assim, um estudo[1] liderado pelo próprio Dr. Lavan concluiu que, em média, um tratamento para pulgas e carraças de duração prolongada contempla mais meses consecutivos de proteção contra ectoparasitas.

Necessidade de uma abordagem de saúde única

Estima-se que as doenças transmitidas por vetores representem cerca de 17% do peso global de todas as doenças infeciosas. Este foi o tema principal  de um painel de discussão no qual participaram o Dr. Peter Irwin, da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de Murdoch; a Dra. Susan Little, do Centro de Ciências de Saúde Veterinária da Universidade Estatal de Oklahoma; a Dra. Guadalupe Miró, Professora de Parasitologia e Doenças Parasitárias da Universidade Complutense de Madrid; o Dr. Paul Overgaauw, de Saúde Pública Veterinária da Universidade de Utrecht; e o Dr. Richard Wall, Professor da Escola de  Ciências Biológicas, da Universidade de Bristol. 

Durante o debate, os especialistas destacaram o valor de reforçar a interligação entre os profissionais de saúde humana e animal; a importância de continuar a monitorizar e a investigar; e a necessidade de educar a sociedade, principalmente as famílias dos animais de companhia.

“O desafio é aprender de ambos os lados”, comentou a Professora Guadalupe Miró, acrescentando que “Devemos partilhar todo o nosso conhecimento com os Médicos Veterinários e com toda a comunidade Médica para aprendermos com uma abordagem One Health”.

“O contacto entre Médicos e Médicos Veterinários tem de ser muito próximo para gerar mais informação e melhorar a mensagem” disse Dr. Overgaauw. “Na Holanda, organizamos encontros entre Médicos Veterinários e Médicos de Medicina Geral e Familiar, onde se conhecem e partilham informações. Estes eventos são um sucesso”, exemplificou.

Num contexto de aumento da temperatura e alteração das estações do ano, o Professor Wall salientou que “precisamos de ser mais ativos” face a estas alterações, ao mesmo tempo que temos de atuar porque “não existem protocolos adequados para as detetar”. Neste ponto, a Dra. Little fez referência à “disseminação de carraças no leste dos Estados Unidos e na Europa”.

“Temos que estudar e investigar mais”, ressalvou a Professora Guadalupe Miró. Por sua vez, o Dr. Irwin apontou para “a necessidade em Medicina Veterinária de criar suspeita clínica nas áreas onde não existem doenças transmitidas por vetores. O conhecimento científico está a avançar, mas é importante divulgar as informações”.

“A falta de vigilância também está a dar origem a uma menor consciência para o problema” das doenças transmitidas por vetores, disse a Professora Guadalupe Miró. Ao que o Dr. Overgaauw acrescentou: “O conceito de animais de companhia saudáveis precisa de ser enfatizado por razões de saúde pública”.

Para o Dr. Irwin, os Médicos Veterinários devem “envolver” as famílias de animais de companhia para lutar contra as doenças transmitidas por vetores. Todos concordaram com a necessidade de encontrar novas formas de comunicação, para além das “típicas brochuras”. Ao que o Professor Wall destacou: “As redes sociais serão muito importantes no futuro”.


[1] Lavan, R., Normile, D., Husain, I. et al. Analysis of gaps in feline ectoparasiticide purchases from veterinary clinics in the United States. Parasites Vectors 14, 264 (2021). https://doi.org/10.1186/s13071-021-04768-5